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r/c esquerdo


Terça-feira, 26.01.16

Da ingratidão

Marcelo, no discurso da vitória, arranjou tempo para agradecer a este mundo e ao outro, mas não conseguiu dez segundos para agradecer também à principal responsável pela vitória, que ainda por cima lhe pagou principescamente durante a campanha: a TVI.

Mas que grande ingratidão, caramba!

 

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por Jorge Candeias às 17:33

Quinta-feira, 08.10.15

Será que é desta que se acaba a fraude dos candidatos a PM?

Há um par de décadas, pelo menos, que temos vindo a ser coletivamente bombardeados com uma invenção dos media e dos políticos de centro e de direita (por vezes até com umas ramadas a estender-se pela esquerda) que repete até à exaustão a ideia de que os líderes partidários se candidatam, nas eleições legislativas, a primeiro-ministro. A insistência nessa fábula visa transformar as eleições numa espécie de concurso de beleza unipessoal, sem ideologia nem equipa, nas quais só conta mesmo quem chega em primeiro. Pretende-se com isso anular a representação democrática do povo corporizada nos deputados eleitos para a Assembleia da República e restringir as escolhas possíveis aos dois partidos do centrão que, por serem muito maiores do que os outros (sendo que nisso está muito longe da inocência um sistema eleitoral que os protege e a própria fraude das candidaturas a primeiro ministro), são os únicos de onde poderia provir uma "candidatura" viável a PM. A ideia é: se se está a eleger um primeiro-ministro, só vale a pena escolher entre os chefes do PS e do PSD, e a portanto a campanha tende a reduzir-se às qualidades da voz de um ou ao modo como o outro mexe as mãos. E aquele, dos dois, que tiver mais votos, está visto, ganha.

E costuma ser mesmo assim que o voto acontece, o que prova a importância determinante que certos media tiveram durante algumas décadas na política tal como a conhecemos. Desta vez, porém, não foi. Uma porção significativa dos eleitores recusou esta espécie de lógica distorcida e votou em outras candidaturas. E depois muita gente descobriu com surpresa que chegar em primeiro nas eleições não garante que se acaba com o cargo de primeiro-ministro nas mãos. Portugal está neste momento a dar a si próprio uma há muito necessária lição de política e de funcionamento das instituições democráticas.

A primeira grande lição de todo este processo, portanto, e independentemente do seu desfecho, é que as candidaturas a primeiro-ministro são uma gigantesca patranha, concebida com objetivos políticos muito claros. A segunda é a de que a vontade do povo se expressa na eleição de deputados, não de primeiros-ministros. A terceira é a de que a formação do governo e o cargo de primeiro-ministro dependem da relação de forças na Assembleia da República, não de tentativas fraudulentas de subverter o nosso enquadramento legal e institucional. Não é quem ganha as eleições que forma governo: é quem encontra na Assembleia da República condições para governar.

Todos conhecemos os resultados das últimas eleições, mas vamos usar em vez dele um caso hipotético para deixar as coisas cristalinamente claras. Se houvesse em Portugal 20 partidos democráticos que depois de umas eleições elegessem 10 deputados cada um e um partido nazi que elegesse 30, ninguém quereria (à parte os nazis) um governo formado pelo partido nazi, apoiado por 30 deputados e com 200 contra ele. Toda a gente procuraria uma coligação entre todos ou alguns dos outros 20, que permitisse não entregar o país nas mãos dos cães.

E, por mais histérica que se mostre a direita, por mais asneiras que vão sendo ditas e escritas um pouco por todo o lado, é no essencial isto mesmo o que está agora a acontecer. A direita nem 40% dos votos teve. A esquerda teve mais de 60%. Apesar de distorcidamente, esse equilíbrio reflete-se na Assembleia que resultou das eleições. Por conseguinte, se a esquerda conseguir entender-se para formar governo, tem mais legitimidade para isso do que a direita: tem a legitimidade que resulta do voto popular.

Esperemos que esta lição de democracia apague de vez do léxico político português a daninha ideia das candidaturas a primeiro-ministro. Já vai tarde.

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por Jorge Candeias às 18:21

Terça-feira, 31.03.15

Ripadas eleitorais em tempos de abstenção...


Regionais na Madeira, as notícias da morte do Bloco continuam manifestamente exageradas, as ripadas eleitorais do Centrão e incapacidade da esquerda em mobilizar a crescente abstenção.

 

PSD perde 21% do eleitorado, passando dos 71.556 votos em 2011, para 56.690 votos em 2015.

 

O CDS, apesar do spin de Portas, perde 33% dos eleitores, passa de 25.974 votos em 2011, para 17.514 votos em 2015.

 

O PS encabeçou uma estranha coligação que desbaratou os 33.031 votos de 2011, para os eclipsar em magros 14.593 votos, menos que o PS sozinho à 4 anos.

 

PCP e Bloco reforçam resultados, elegendo 4 deputados, com o PCP a apostar na recontagem de 5 votos para retirar a maioria ao PSD.

 

E surpreende (ou não) o resultado de um partido-movimento: JPP (Juntos Pelo Povo).

 

O fantasma crescente: a Abstenção, sobe 13%, passando a representar 50,28% do eleitorado.

Este espectro está presente, cresce e espalha um lastro de "ilegitimidade" ao próprio regime democrático.

A esquerda tem tido dificuldade em capitalizar o descontentamento crescente do eleitorado com um centrão cada vez mais indistinto nas soluções políticas e semelhante no bordel de interesses instalados.

Falta proximidade, falta abertura, falta um discurso claro e um caminho de alternativas viáveis e credíveis, falta a desmistificação da esquerda papão, falta o desafio constante e a disponibilidade para o diálogo? O que é que falta?!

 

Parabéns pelo trabalho aos militantes do Bloco na Madeira!

 

Resultados das Regionais aqui.

 

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por Ricardo Gonçalves às 12:02

Quinta-feira, 26.03.15

Brevíssimo guia do voto tático para quem não quer maioria absoluta do PSD na Madeira

Aparentemente, as sondagens disponíveis (ver aqui e aqui) preveem fortes possibilidades de o PSD voltar uma vez mais a vencer as eleições madeirenses com maioria absoluta. Mas há eleitores que não o desejam. Que acham, mesmo, que esse seria o pior resultado possível, porque manteria tudo na mesma na política regional, com o mesmo défice democrático típico do jardinismo e as mesmas opções governativas.

O que devem essas pessoas fazer para assegurar que o PSD não tem maioria absoluta?

A questão é a seguinte: o sistema eleitoral na Madeira é bastante fiel à proporcionalidade, mas isso não quer dizer que deixe de haver distorções entre as percentagens de votos obtidos por cada força política e as percentagens de deputados que depois elas vão eleger. Há distorções por dois motivos. Um é o método de Hondt, que concede um ligeiro benefício aos partidos mais votados e prejudica os restantes, também ligeiramente. E o outro são os votos desperdiçados em partidos que não elegem deputados. Ambos os fatores (a que acrescem os votos brancos e nulos, que nunca servirão para nada) fazem com que a força política que chegar à frente possa conseguir uma maioria absoluta com menos de 50% dos votos. A questão está em quão menos.

O eleitor tático não parece poder fazer nada quanto ao primeiro fator: o PSD parece ter garantida a vitória, a coligação Mudança parece estar de pedra e cal em segundo lugar apesar de não ter a mais pequena hipótese de vitória, portanto serão esses os beneficiados e os restantes os prejudicados. Mas pode influenciar o segundo fator.

É que quanto menor for o número de forças políticas que conseguir entrar na assembleia legislativa, menor será a percentagem que o PSD terá de atingir para obter uma maioria absoluta (porque serão mais os votos que se desperdiçam). Ou seja, por paradoxal que possa parecer à primeira vista, é votar nas forças políticas que estão no limiar entre a eleição e a não eleição de deputados que será mais eficaz para impedir a maioria absoluta do PSD.

E essas forças são, com CDS, JPP e CDU em posições aparentemente confortáveis, com a eleição garantida, e MAS, PPM/PDA e PNR aparentemente demasiado longe do objetivo, o Bloco de Esquerda, o PND e o MRPP.

Em suma: queres impedir que o PSD tenha maioria absoluta na Madeira? Ajuda a garantir que BE, PND e MRPP elegem deputados para o parlamento regional.

Pessoalmente, entre esses três sugiro o BE. Mas cada um sabe do seu voto.

 

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por Jorge Candeias às 19:52



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